30 setembro, 2010

Estudo indica que o TDAH tem origem genética

Dizem que quem procura acha. Bom, eles ainda não acharam a ferida onde botar o dedo, mas estão chegando cada vez mais perto. Não creio que serei beneficiada pelas pesquisas que ainda hão de vir (morro antes, essas coisas demoram), mas não desejo esse distúrbio para ninguém. Para uma doença que não tem cura, eu só posso torcer pelo sucesso desse povo.

Ah, eu sei, tem a turma do "isso não é doença... meu cérebro é diferente, só isso". Acho que eu mesma já disse isso aqui, se não me engano. Tem uma outra turma que diz "Normal? O que é ser normal? Eu me acho normal." É, também já pensei assim. Mas o fato é que a luta diária para lidar com isso tem lá o seu peso. E `as vezes simplesmente cansa. Mas vamos ao que interessa...

Pesquisa encontra primeira evidência de que o TDAH é de origem genética

Por Kate Kelland

LONDRES | Qua 29 de setembro de 2010 11:31 BST pm

LONDRES (Reuters) - Cientistas britânicos descobriram a primeira evidência direta de que o transtorno do déficit de atenção (TDAH) é uma doença genética e dizem que a pesquisa pode levar a melhores tratamentos para a doença.

Pesquisadores que mapearam os genes de mais de 1.400 crianças descobriram que aquelas com TDAH são mais propensas que outras a ter pequenos pedaços de seu DNA duplicados ou faltando.

Anita Thapar, professora de psiquiatria infantil e adolescente na Universidade de Cardiff, que liderou o estudo, disse que a pesquisa deve ajudar a dissipar os mitos que o TDAH é causado por maus pais ou dietas pobres muito ricas em açúcar.

"Isso é realmente animador, porque nos dá o primeiro link genético direto ao TDAH. Agora podemos dizer com confiança que o TDAH é uma doença genética e que os cérebros das crianças com esta condição se desenvolvem de forma diferente dos de outras crianças", disse ela a jornalistas em uma entrevista sobre os resultados.

O TDAH é um dos transtornos mentais infantis mais comuns e estima-se que afeta cerca de 3 a 5 por cento das crianças no mundo. Ele é visto com muito mais freqüência em meninos que em meninas.

Crianças com TDAH são excessivamente inquietas, impulsivas e facilmente distraídas e, muitas vezes têm dificuldades em casa e na escola. Não há cura, mas os sintomas podem ser controlados por uma combinação de medicação e terapia comportamental.

Milhões de pessoas tomam medicamentos para TDAH, incluindo a Ritalina, conhecida genericamente como o metilfenidato, Concerta, Adderall e Vyvanse  e Strattera. As vendas globais de remédios para TDAH foram cerca de US $ 4 bilhões de dólares em 2009, de acordo com analistas da indústria farmacêutica do Deutsche Bank em Londres.

Thapar disse que os resultados ajudariam a desvendar bases biológicas do TDAH, “e que vai ser muito importante no futuro para desenvolver tratamentos novos e muito mais eficazes ."

O estudo também mostrou uma sobreposição entre os segmentos excluídos ou duplicados de DNA, conhecidos como variantes do número de cópia (CNVs), e variações genéticas ligadas ao autismo, esquizofrenia e distúrbios do cérebro - sugerindo o que cientistas disseram ser "fortes evidências" de que o TDAH é uma condição do desenvolvimento neurológico.

A equipe de Cardiff analisou os genomas de 366 crianças com TDAH e os comparou com amostras de 1.047 crianças sem TDAH para tentar encontrar variações na sua composição genética.

Os resultados, publicados na revista médica The Lancet, mostrou que CNVs raros eram quase duas vezes mais comum em crianças com TDAH em comparação com as outras crianças.

Nigel Williams, que também trabalhou no estudo, observou a sobreposição significativa entre CNVs encontrados em crianças com TDAH e regiões do mapa genético conhecidas por influenciar a suscetibilidade ao autismo e `a esquizofrenia.

Ele disse que a sobreposição mais marcante foi encontrada em uma região específica do cromossomo 16, que tem sido associada à esquizofrenia e outras perturbações psiquiátricas graves e abrange um número de genes, inclusive um conhecido pelo seu papel no desenvolvimento do cérebro.

"Nós vimos uma clara ligação genética entre estes segmentos e outros transtornos cerebrais", disse ele. "Estes resultados nos dão pistas instigantes das mudanças que podem levar ao TDAH."

(Reportagem de Mark Trevelyan)
fonte: http://uk.reuters.com/article/idUKTRE68S5UD20100929
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10 setembro, 2010

Sempre atrasado?

Li numa revista a sugestão, o conselho abaixo. O texto é pequeno, não dá muito contexto, mas deduz-se que o protagonista, que é TDA, vai almoçar, (ou seria jantar?) com um novo amigo em um restaurante. O protagonista é um sofredor como eu e você (sim?) que vive chegando atrasado aos compromissos. E eis aqui o conselho:

Se você está sempre atrasado, diga para seu novo amigo: " Tenho problemas para chegar nos lugares no horário marcado. Eu até tento, mas ainda assim tenho a tendência a chegar atrasado. Caso eu esteja atrasado para chegar ao restaurante, me telefona e eu te falo quando é que vou chegar. Melhor ainda, me liga antes de sair para lá, só para ter certeza de que não estou enrolado. Se eu estiver bastante atrasado, peça um aperitivo por minha conta." Seu amigo não deve esperar que você seja pontual todas as vezes e chatear-se quando se atrasar.

Yeah, right! Essa última frase foi de tirar tatu do buraco.

Vide este outro artigo em inglês sobre o assunto; sério gente, imagino que tem hora que isso enche o saco cansa.

Quem aqui já não virou a piada da turma: lá vem o "atrasildo" finalmente. Lesma, lerda, devagar quase parando, quais adjetivos já usaram para descrever você?

Mas enfim, deixando os traumas de lado (ô ó o exagero, que lôco), o que eu gostaria de saber é:
O que fazer quando quem está esperando a gente é o chefe, ou um cliente? E aí?




Quais são as suas estratégias? O que funciona para você? Como você lida com isso?

Se você não estiver muito atrasado, deixe seu comentário. ;-)

Agora deixa eu ir porque tem gente me esperando...

-.-

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28 agosto, 2010

T.C.C.


Quero escrever mas me falta inspiração... então, para não ficar no vazio, no vácuo, no buraco negro...
...falando em buraco negro, assisti um video do Neil deGrasse Tyson sobre o que acontece se você cair num buraco negro... muito engraçado... ele chama isso de morte por espagueteficação. hahaha ... de espaguete ... Ah vá! não me chame de mórbida por achar isso engraçado, diz pra mim qual a chance de alguém morrer porque caiu num buraco negro?  Confira você mesmo, assista o vídeo, mas aviso: está em inglês e sem legenda. 










...ok! saindo desse meu buraco negro involuntário e voltando ao assunto em pauta, quero partilhar com vocês uma notícia sobre uma pesquisa feita pelo Massachusetts General Hospital que foi publicado no JAMA (Journal of the American Medical Association) em 25 de agosto de 2010.

O resultado da pesquisa concluiu que um tratamento que combine medicamento com Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) melhora significativamente os sintomas do TDAH em adultos.

O cabeça do estudo, Steven Safren Ph.D., disse que "os medicamentos são bastante eficazes em diminuir o volume dos sintomas de TDAH, mas não ensinam `as pessoas como lidar com isso... Este estudo mostra que um método de capacitação pode ajudar os pacientes a aprender como lidar com seus problemas de atenção e gerenciar melhor este transtorno debilitante e significativo."

Durante o estudo foram desenvolvidas técnicas do tipo como administrar e manter uma agenda, fazer uma lista de atividades, transformar tarefas longas em várias menores e adaptar as tarefas de acordo com o tempo de atenção de cada um.

É isso. Medicação ajuda, relaxamento ajuda, oração ajuda (ô se ajuda), e aprender técnicas novas para lidar com isso também ajuda. Ou seja, faz-se uma adaptação `a condição de cada um. Coisas que para um NT (neurotípico) seriam naturais, para nós não são... temos que aprender a fazer as mesmas coisas, mas de uma maneira diferente.

Eu, por exemplo, costumava chegar aos meus compromissos no mínimo com meia-hora de atraso. Se é um chopinho com os amigos o máximo que pode acontecer é eles não te convidarem mais, mas aí que tipo de amigos são esses, não é mesmo? Agora e se for o caso de uma entrevista de emprego? Aí o bicho pega. É por isso que dizem que este transtorno é debilitante e significativo. Porque debilita a vida de quem sofre disso.

Então, aprendi que se para ir daqui a ali demora 20 minutos para os NTs, para mim demora o dobro. Por que? Sou débil mental? Não. Sou lerda? Não. Sou o quê? Sou DDA e as coisas comigo funcionam diferente. Nem melhor, nem pior. Diferente.


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02 agosto, 2010

Mais Recompensas

Faz tempo que não coloco nada aqui. Como diz o nome desse blog, a minha antena é quebrada e portanto de vez em quando não sintoniza direito nos acontecimentos.

Falando em acontecimentos, o Projeto Atenção Brasil acaba de lançar a Cartilha do Educador.

Eu já falei aqui sobre o Circuito de Recompensa, como ele funciona fisiologicamente e coisa e tal. A Cartilha do Educador fala sobre como lidar com isso.

Olha, eu vou falar uma coisa pra vocês... esse negócio de adiamento de recompensa é duro de se conseguir na fase adulta se não nos foi ensinado na infância. Precisa de muita, mas muita força de vontade conseguir fazer algo que não te traz uma sensação de realização, de satisfação pessoal imediata, porque é isso que nos impulsiona, que nos leva adiante.

A pessoa sem esse tipo de disfunção recebe informações no cerébro, um feedback, que lhe diz que determinada atividade está caminhando bem e isso a impulsiona a continuar com aquela atividade. Já na pessoa com essa disfunção, esse retorno, esse feedback, não acontece... e aí o raciocínio natural é "para que continuar uma coisa que não está indo bem, uma coisa sem sentido?"

No meu caso, por exemplo, o exercício físico, que me é necessário pela alta taxa de colesterol no sangue, que é recomendado para quem sofre de transtorno de atenção, já que muitos de nós são gordinhos, e que supostamente aumenta as endorfinas e as dopaminas - simplesmente não consigo encontrar motivação para fazê-lo. Se estou na academia, o tempo parece que não passa, ou dói o pé, ou tenho sede, ou preciso ir ao banheiro.  Se o cabelo está solto: não tenho nada para prendê-lo; se está preso: ai que calor na cabeça. E aí fica essa batalha mental: "só mais 10 minutos, já tá acabando, aguenta aí, não vai desistir, não desiste não, só mais um pouquinho, peraí, ei, volta aqui, ah... por que você desistiu?"

Caramba... Como sempre, divago... Eis o texto:

Capacidade de adiar recompensas
Definimos capacidade de adiar recompensas como uma habilidade da criança ou do adolescente de controlar seus impulsos com o intuito de obter adiante alguma vantagem ou objetivo que deseja alcançar.

Para 65,1% dos pais os filhos são capazes de adiar recompensas e para 34,9% não. Em relação à resposta dada pelo professor 60,9% das crianças e adolescentes da amostra são capazes de adiar recompensas e 39,1% não.

Adiamento de Recompensas
Como já definido anteriormente, capacidade de adiar recompensas é a habilidade da criança ou do adolescente de controlar seus impulsos com o intuito de obter adiante alguma vantagem ou objetivo que deseja alcançar. É considerada componente fundamental da inteligência emocional e atributo exclusivo dos humanos.

Numerosas evidências científicas que datam dos estudos pioneiros de Walter Mischel na década de
60 apontam para a robusta relação entre a capacidade de adiar recompensas, Saúde Mental e desempenho cognitivo.

Os resultados aqui obtidos confirmam essa relação e reforçam a importância de educarmos nossos filhos estimulando essa habilidade, sobretudo nos dias de hoje, onde uma maciça e subliminar propaganda tenta atraílos na direção contrária, a do prazer desenfreado e imediato.

Para alguns estudiosos, essa tendência guarda relação com epidemias modernas como a do consumismo, da obesidade infantil e do uso, abuso e dependência de substâncias.

Educar para o adiamento do prazer é algo a ser feito desde bem cedo. Sabemos que o cérebro não nasce pronto, sofre uma série de transformações estruturais e funcionais ao longo da infância e adolescência, em resposta a determinantes genéticas, biológicas, experiências vividas e o processo educacional. Esse conjunto de fatores, por fim, esculpe o cérebro infantil.

Podemos comparar o cérebro da criança a uma cidade com ruas e avenidas (circuitos cerebrais) onde trafegam carros e gente (impulsos nervosos). Imagine que as vias que não são usadas acabam, ao longo da infância e adolescência, sendo bloqueadas. Esse processo ocorre no cérebro e explica por que é mais fácil para uma criança aprender uma língua estrangeira do que um adulto, e outras situações de aprendizagem.

Dessa forma, crianças que não são estimuladas desde cedo para o adiamento de recompensas, acabam por desativar circuitos cerebrais responsáveis por essa importante função localizados no cerne do cérebro (sistema límbico).

Educar para o adiamento de recompensas é educar para o autocontrole, a autodisciplina e o controle dos impulsos, é também educar para a tomada de decisões.

Portanto, deve determinar condutas educacionais relacionadas a numerosos temas como, por exemplo: hábitos de consumo, alimentação, sono e vestuário, estabelecimento de horários e rotinas, premiações e punições, tarefas escolares, etc., o que representa grande parte do dia-a-dia da relação pais e filhos.

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12 março, 2010

Rock Lunar

O Rock dos Hiperativos






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03 março, 2010

Doença ou Pecado

De bom-humor meditando durante a Quaresma

"Quando algum de nós reconhece estar triste, deve pensar: é que não estou suficientemente perto de Cristo."

- Como?

"E o mesmo deve pensar quando reconhece em si uma clara tendência para o mau humor, para a irritação."

- Tô ficando irritada...

"E não deve pretender jogar a culpa nas coisas que tem à sua volta, pois seria um erro e uma maneira de se desorientar na procura da causa dos seus estados de ânimo"

- Hum, interessante isso: jogar a culpa; causa dos seus estados de ânimo.

"Às vezes, certa apatia ou tristeza espiritual pode ser motivada pelo cansaço, pela doença..."

- Ufa!

"...mas com muito mais freqüência procede da falta de generosidade em corresponder ao que o Senhor nos pede, do pouco esforço em mortificar os sentidos, da falta de preocupação pelos outros. Em resumo, de um estado de tibieza."

- Pera lá, tibieza não: tristeza, mau humor, irritação, apatia? Tá com cara de TDAH, isso sim.

"Em Cristo encontramos sempre o remédio para uma possível tibieza e as forças para vencer defeitos que de outro modo seriam insuperáveis."

- Verdade. Para Deus nada é impossível. Ainda bem que Ele nos providenciou a Medicina.

"Quando alguém diz: "Sou irremediavelmente preguiçoso, não sou tenaz, não consigo terminar as coisas que começo, deveria pensar (hoje): Não estou tão perto de Cristo como deveria."

- Ou então: "Caramba, esqueci de tomar o meu remédio".

Estas citações foram tiradas do livro de meditações Falar com Deus, vol. 2, de Francisco Fernandez-Carvajal, que por sua vez, segundo as notas de rodapé, diz que estas citações foram tiradas do livro Tiempo para Creer de A.M. Garcia Dorronsoro.

O interessante nisso tudo é que esse livro, pelo que pude levantar, foi publicado em 1971. Mas somente nos anos 80, ou seja uma década depois da publicação do livro, é que o Transtorno de Deficit de Atenção (convenhamos, que nominho mais "nada a ver" esse) foi definido e classificado na Psiquiatria.

Não me entenda mal, por favor. Não estou fazendo pouco caso nem tampouco desconsiderando a validade do argumento do autor. Mas não consigo deixar de pensar como o autor dessas palavras aí acima teria escrito o seu texto se ele tivesse conhecimento desse famigerado transtorno naquela época.

Eu acredito que muitos dos males da humanidade tem a ver com o afastamento de Deus ou com uma confusão que fazemos do Sagrado. Isto posto, devemos também considerar com seriedade os males físicos e suas implicações.

O verdadeiro diagnóstico de TDAH deve estabelecer que a pessoa já possuía a "doença" antes dos 7 anos de idade. Ou seja, o quadro tem que se apresentar na infância. E quem é que pode afirmar que uma criança nessa idade está longe de Jesus Cristo?

Então, Como diferenciar entre um mal moral e um mal físico?

"Por isso, aquilo que cada um de nós possa reconhecer na sua vida como defeito, como doença, deveria ser imediatamente referido a este exame íntimo e direto: Não sou perseverante? Não estou perto de Cristo. Não sinto alegria? Não estou perto de Cristo. Vou deixar de pensar que a culpa é do trabalho, que a culpa é da família, dos pais ou dos filhos... Não. A culpa íntima é do fato de eu não estar perto de Cristo."

- Que é isso? A causa do meu TDAH é não estar perto de Cristo? Não, não.

Pode até ser que eu não esteja perto de Cristo como deveria, e provavelmente é, mas também é fato que meu TDAH é um caso clínico.

Claro que se você não é cristão, essa discussão toda é irrelevante e sem sentido.

Mas se você é cristão, e está em dúvida sobre aquilo que lhe aflige, um diretor espiritual é uma mão na roda nessa hora. Ele pode ajudar a discernir se você precisa se aproximar mais de Cristo ou se precisa procurar um médico.

Agora no frigir dos ovos, já dizia a minha avó, prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém: a gente sempre pode se aproximar um pouquinho mais de Deus, não é mesmo? E por que não fazer isso agora. Só temos a nos beneficiar com isso.

Já dizia São Paulo: Agora é o tempo favorável (2 Cor 5, 20)


Hei, e não esqueça de tomar seu remédio! AGORA!
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