28 agosto, 2010

T.C.C.


Quero escrever mas me falta inspiração... então, para não ficar no vazio, no vácuo, no buraco negro...
...falando em buraco negro, assisti um video do Neil deGrasse Tyson sobre o que acontece se você cair num buraco negro... muito engraçado... ele chama isso de morte por espagueteficação. hahaha ... de espaguete ... Ah vá! não me chame de mórbida por achar isso engraçado, diz pra mim qual a chance de alguém morrer porque caiu num buraco negro?  Confira você mesmo, assista o vídeo, mas aviso: está em inglês e sem legenda. 










...ok! saindo desse meu buraco negro involuntário e voltando ao assunto em pauta, quero partilhar com vocês uma notícia sobre uma pesquisa feita pelo Massachusetts General Hospital que foi publicado no JAMA (Journal of the American Medical Association) em 25 de agosto de 2010.

O resultado da pesquisa concluiu que um tratamento que combine medicamento com Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) melhora significativamente os sintomas do TDAH em adultos.

O cabeça do estudo, Steven Safren Ph.D., disse que "os medicamentos são bastante eficazes em diminuir o volume dos sintomas de TDAH, mas não ensinam `as pessoas como lidar com isso... Este estudo mostra que um método de capacitação pode ajudar os pacientes a aprender como lidar com seus problemas de atenção e gerenciar melhor este transtorno debilitante e significativo."

Durante o estudo foram desenvolvidas técnicas do tipo como administrar e manter uma agenda, fazer uma lista de atividades, transformar tarefas longas em várias menores e adaptar as tarefas de acordo com o tempo de atenção de cada um.

É isso. Medicação ajuda, relaxamento ajuda, oração ajuda (ô se ajuda), e aprender técnicas novas para lidar com isso também ajuda. Ou seja, faz-se uma adaptação `a condição de cada um. Coisas que para um NT (neurotípico) seriam naturais, para nós não são... temos que aprender a fazer as mesmas coisas, mas de uma maneira diferente.

Eu, por exemplo, costumava chegar aos meus compromissos no mínimo com meia-hora de atraso. Se é um chopinho com os amigos o máximo que pode acontecer é eles não te convidarem mais, mas aí que tipo de amigos são esses, não é mesmo? Agora e se for o caso de uma entrevista de emprego? Aí o bicho pega. É por isso que dizem que este transtorno é debilitante e significativo. Porque debilita a vida de quem sofre disso.

Então, aprendi que se para ir daqui a ali demora 20 minutos para os NTs, para mim demora o dobro. Por que? Sou débil mental? Não. Sou lerda? Não. Sou o quê? Sou DDA e as coisas comigo funcionam diferente. Nem melhor, nem pior. Diferente.


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02 agosto, 2010

Mais Recompensas

Faz tempo que não coloco nada aqui. Como diz o nome desse blog, a minha antena é quebrada e portanto de vez em quando não sintoniza direito nos acontecimentos.

Falando em acontecimentos, o Projeto Atenção Brasil acaba de lançar a Cartilha do Educador.

Eu já falei aqui sobre o Circuito de Recompensa, como ele funciona fisiologicamente e coisa e tal. A Cartilha do Educador fala sobre como lidar com isso.

Olha, eu vou falar uma coisa pra vocês... esse negócio de adiamento de recompensa é duro de se conseguir na fase adulta se não nos foi ensinado na infância. Precisa de muita, mas muita força de vontade conseguir fazer algo que não te traz uma sensação de realização, de satisfação pessoal imediata, porque é isso que nos impulsiona, que nos leva adiante.

A pessoa sem esse tipo de disfunção recebe informações no cerébro, um feedback, que lhe diz que determinada atividade está caminhando bem e isso a impulsiona a continuar com aquela atividade. Já na pessoa com essa disfunção, esse retorno, esse feedback, não acontece... e aí o raciocínio natural é "para que continuar uma coisa que não está indo bem, uma coisa sem sentido?"

No meu caso, por exemplo, o exercício físico, que me é necessário pela alta taxa de colesterol no sangue, que é recomendado para quem sofre de transtorno de atenção, já que muitos de nós são gordinhos, e que supostamente aumenta as endorfinas e as dopaminas - simplesmente não consigo encontrar motivação para fazê-lo. Se estou na academia, o tempo parece que não passa, ou dói o pé, ou tenho sede, ou preciso ir ao banheiro.  Se o cabelo está solto: não tenho nada para prendê-lo; se está preso: ai que calor na cabeça. E aí fica essa batalha mental: "só mais 10 minutos, já tá acabando, aguenta aí, não vai desistir, não desiste não, só mais um pouquinho, peraí, ei, volta aqui, ah... por que você desistiu?"

Caramba... Como sempre, divago... Eis o texto:

Capacidade de adiar recompensas
Definimos capacidade de adiar recompensas como uma habilidade da criança ou do adolescente de controlar seus impulsos com o intuito de obter adiante alguma vantagem ou objetivo que deseja alcançar.

Para 65,1% dos pais os filhos são capazes de adiar recompensas e para 34,9% não. Em relação à resposta dada pelo professor 60,9% das crianças e adolescentes da amostra são capazes de adiar recompensas e 39,1% não.

Adiamento de Recompensas
Como já definido anteriormente, capacidade de adiar recompensas é a habilidade da criança ou do adolescente de controlar seus impulsos com o intuito de obter adiante alguma vantagem ou objetivo que deseja alcançar. É considerada componente fundamental da inteligência emocional e atributo exclusivo dos humanos.

Numerosas evidências científicas que datam dos estudos pioneiros de Walter Mischel na década de
60 apontam para a robusta relação entre a capacidade de adiar recompensas, Saúde Mental e desempenho cognitivo.

Os resultados aqui obtidos confirmam essa relação e reforçam a importância de educarmos nossos filhos estimulando essa habilidade, sobretudo nos dias de hoje, onde uma maciça e subliminar propaganda tenta atraílos na direção contrária, a do prazer desenfreado e imediato.

Para alguns estudiosos, essa tendência guarda relação com epidemias modernas como a do consumismo, da obesidade infantil e do uso, abuso e dependência de substâncias.

Educar para o adiamento do prazer é algo a ser feito desde bem cedo. Sabemos que o cérebro não nasce pronto, sofre uma série de transformações estruturais e funcionais ao longo da infância e adolescência, em resposta a determinantes genéticas, biológicas, experiências vividas e o processo educacional. Esse conjunto de fatores, por fim, esculpe o cérebro infantil.

Podemos comparar o cérebro da criança a uma cidade com ruas e avenidas (circuitos cerebrais) onde trafegam carros e gente (impulsos nervosos). Imagine que as vias que não são usadas acabam, ao longo da infância e adolescência, sendo bloqueadas. Esse processo ocorre no cérebro e explica por que é mais fácil para uma criança aprender uma língua estrangeira do que um adulto, e outras situações de aprendizagem.

Dessa forma, crianças que não são estimuladas desde cedo para o adiamento de recompensas, acabam por desativar circuitos cerebrais responsáveis por essa importante função localizados no cerne do cérebro (sistema límbico).

Educar para o adiamento de recompensas é educar para o autocontrole, a autodisciplina e o controle dos impulsos, é também educar para a tomada de decisões.

Portanto, deve determinar condutas educacionais relacionadas a numerosos temas como, por exemplo: hábitos de consumo, alimentação, sono e vestuário, estabelecimento de horários e rotinas, premiações e punições, tarefas escolares, etc., o que representa grande parte do dia-a-dia da relação pais e filhos.

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