02 agosto, 2010

Mais Recompensas

Faz tempo que não coloco nada aqui. Como diz o nome desse blog, a minha antena é quebrada e portanto de vez em quando não sintoniza direito nos acontecimentos.

Falando em acontecimentos, o Projeto Atenção Brasil acaba de lançar a Cartilha do Educador.

Eu já falei aqui sobre o Circuito de Recompensa, como ele funciona fisiologicamente e coisa e tal. A Cartilha do Educador fala sobre como lidar com isso.

Olha, eu vou falar uma coisa pra vocês... esse negócio de adiamento de recompensa é duro de se conseguir na fase adulta se não nos foi ensinado na infância. Precisa de muita, mas muita força de vontade conseguir fazer algo que não te traz uma sensação de realização, de satisfação pessoal imediata, porque é isso que nos impulsiona, que nos leva adiante.

A pessoa sem esse tipo de disfunção recebe informações no cerébro, um feedback, que lhe diz que determinada atividade está caminhando bem e isso a impulsiona a continuar com aquela atividade. Já na pessoa com essa disfunção, esse retorno, esse feedback, não acontece... e aí o raciocínio natural é "para que continuar uma coisa que não está indo bem, uma coisa sem sentido?"

No meu caso, por exemplo, o exercício físico, que me é necessário pela alta taxa de colesterol no sangue, que é recomendado para quem sofre de transtorno de atenção, já que muitos de nós são gordinhos, e que supostamente aumenta as endorfinas e as dopaminas - simplesmente não consigo encontrar motivação para fazê-lo. Se estou na academia, o tempo parece que não passa, ou dói o pé, ou tenho sede, ou preciso ir ao banheiro.  Se o cabelo está solto: não tenho nada para prendê-lo; se está preso: ai que calor na cabeça. E aí fica essa batalha mental: "só mais 10 minutos, já tá acabando, aguenta aí, não vai desistir, não desiste não, só mais um pouquinho, peraí, ei, volta aqui, ah... por que você desistiu?"

Caramba... Como sempre, divago... Eis o texto:

Capacidade de adiar recompensas
Definimos capacidade de adiar recompensas como uma habilidade da criança ou do adolescente de controlar seus impulsos com o intuito de obter adiante alguma vantagem ou objetivo que deseja alcançar.

Para 65,1% dos pais os filhos são capazes de adiar recompensas e para 34,9% não. Em relação à resposta dada pelo professor 60,9% das crianças e adolescentes da amostra são capazes de adiar recompensas e 39,1% não.

Adiamento de Recompensas
Como já definido anteriormente, capacidade de adiar recompensas é a habilidade da criança ou do adolescente de controlar seus impulsos com o intuito de obter adiante alguma vantagem ou objetivo que deseja alcançar. É considerada componente fundamental da inteligência emocional e atributo exclusivo dos humanos.

Numerosas evidências científicas que datam dos estudos pioneiros de Walter Mischel na década de
60 apontam para a robusta relação entre a capacidade de adiar recompensas, Saúde Mental e desempenho cognitivo.

Os resultados aqui obtidos confirmam essa relação e reforçam a importância de educarmos nossos filhos estimulando essa habilidade, sobretudo nos dias de hoje, onde uma maciça e subliminar propaganda tenta atraílos na direção contrária, a do prazer desenfreado e imediato.

Para alguns estudiosos, essa tendência guarda relação com epidemias modernas como a do consumismo, da obesidade infantil e do uso, abuso e dependência de substâncias.

Educar para o adiamento do prazer é algo a ser feito desde bem cedo. Sabemos que o cérebro não nasce pronto, sofre uma série de transformações estruturais e funcionais ao longo da infância e adolescência, em resposta a determinantes genéticas, biológicas, experiências vividas e o processo educacional. Esse conjunto de fatores, por fim, esculpe o cérebro infantil.

Podemos comparar o cérebro da criança a uma cidade com ruas e avenidas (circuitos cerebrais) onde trafegam carros e gente (impulsos nervosos). Imagine que as vias que não são usadas acabam, ao longo da infância e adolescência, sendo bloqueadas. Esse processo ocorre no cérebro e explica por que é mais fácil para uma criança aprender uma língua estrangeira do que um adulto, e outras situações de aprendizagem.

Dessa forma, crianças que não são estimuladas desde cedo para o adiamento de recompensas, acabam por desativar circuitos cerebrais responsáveis por essa importante função localizados no cerne do cérebro (sistema límbico).

Educar para o adiamento de recompensas é educar para o autocontrole, a autodisciplina e o controle dos impulsos, é também educar para a tomada de decisões.

Portanto, deve determinar condutas educacionais relacionadas a numerosos temas como, por exemplo: hábitos de consumo, alimentação, sono e vestuário, estabelecimento de horários e rotinas, premiações e punições, tarefas escolares, etc., o que representa grande parte do dia-a-dia da relação pais e filhos.

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