De bom-humor meditando durante a Quaresma
"Quando algum de nós reconhece estar triste, deve pensar: é que não estou suficientemente perto de Cristo."
- Como?
"E o mesmo deve pensar quando reconhece em si uma clara tendência para o mau humor, para a irritação."
- Tô ficando irritada...
"E não deve pretender jogar a culpa nas coisas que tem à sua volta, pois seria um erro e uma maneira de se desorientar na procura da causa dos seus estados de ânimo"
- Hum, interessante isso: jogar a culpa; causa dos seus estados de ânimo.
"Às vezes, certa apatia ou tristeza espiritual pode ser motivada pelo cansaço, pela doença..."
- Ufa!
"...mas com muito mais freqüência procede da falta de generosidade em corresponder ao que o Senhor nos pede, do pouco esforço em mortificar os sentidos, da falta de preocupação pelos outros. Em resumo, de um estado de tibieza."
- Pera lá, tibieza não: tristeza, mau humor, irritação, apatia? Tá com cara de TDAH, isso sim.
"Em Cristo encontramos sempre o remédio para uma possível tibieza e as forças para vencer defeitos que de outro modo seriam insuperáveis."
- Verdade. Para Deus nada é impossível. Ainda bem que Ele nos providenciou a Medicina.
"Quando alguém diz: "Sou irremediavelmente preguiçoso, não sou tenaz, não consigo terminar as coisas que começo, deveria pensar (hoje): Não estou tão perto de Cristo como deveria."
- Ou então: "Caramba, esqueci de tomar o meu remédio".
Estas citações foram tiradas do livro de meditações Falar com Deus, vol. 2, de Francisco Fernandez-Carvajal, que por sua vez, segundo as notas de rodapé, diz que estas citações foram tiradas do livro Tiempo para Creer de A.M. Garcia Dorronsoro.
O interessante nisso tudo é que esse livro, pelo que pude levantar, foi publicado em 1971. Mas somente nos anos 80, ou seja uma década depois da publicação do livro, é que o Transtorno de Deficit de Atenção (convenhamos, que nominho mais "nada a ver" esse) foi definido e classificado na Psiquiatria.
Não me entenda mal, por favor. Não estou fazendo pouco caso nem tampouco desconsiderando a validade do argumento do autor. Mas não consigo deixar de pensar como o autor dessas palavras aí acima teria escrito o seu texto se ele tivesse conhecimento desse famigerado transtorno naquela época.
Eu acredito que muitos dos males da humanidade tem a ver com o afastamento de Deus ou com uma confusão que fazemos do Sagrado. Isto posto, devemos também considerar com seriedade os males físicos e suas implicações.
O verdadeiro diagnóstico de TDAH deve estabelecer que a pessoa já possuía a "doença" antes dos 7 anos de idade. Ou seja, o quadro tem que se apresentar na infância. E quem é que pode afirmar que uma criança nessa idade está longe de Jesus Cristo?
Então, Como diferenciar entre um mal moral e um mal físico?
"Por isso, aquilo que cada um de nós possa reconhecer na sua vida como defeito, como doença, deveria ser imediatamente referido a este exame íntimo e direto: Não sou perseverante? Não estou perto de Cristo. Não sinto alegria? Não estou perto de Cristo. Vou deixar de pensar que a culpa é do trabalho, que a culpa é da família, dos pais ou dos filhos... Não. A culpa íntima é do fato de eu não estar perto de Cristo."
- Que é isso? A causa do meu TDAH é não estar perto de Cristo? Não, não.
Pode até ser que eu não esteja perto de Cristo como deveria, e provavelmente é, mas também é fato que meu TDAH é um caso clínico.
Claro que se você não é cristão, essa discussão toda é irrelevante e sem sentido.
Mas se você é cristão, e está em dúvida sobre aquilo que lhe aflige, um diretor espiritual é uma mão na roda nessa hora. Ele pode ajudar a discernir se você precisa se aproximar mais de Cristo ou se precisa procurar um médico.
Agora no frigir dos ovos, já dizia a minha avó, prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém: a gente sempre pode se aproximar um pouquinho mais de Deus, não é mesmo? E por que não fazer isso agora. Só temos a nos beneficiar com isso.
Já dizia São Paulo:
Agora é o tempo favorável (2 Cor 5, 20)
Hei, e não esqueça de tomar seu remédio! AGORA!
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